LUISÃO PEREIRA
Peu apareceu na minha casa com oito anos de idade. Era uma criança com conversa de adulto. Nas mãos uma guitarra amarela – maior do que ele – que acabara de ganhar. Na cabeça um monte de sonhos, acompanhados de uma determinação assustadora.
Rebelde desde sempre, ele ainda não dava bola pros Novos Baianos – banda do padrasto Galvão. O Peu criança gostava mesmo era de Hendrix, Paralamas e Legião. “Mas quero fazer a minha banda” – dizia. Nasceu ali a mais longa, sincera e divertida amizade que até hoje já tive. O vi conquistar a primeira namorada, a primeira música e o primeiro sucesso.
A guitarra era uma extensão da sua personalidade: ruidosamente doce e encantadora.
A guitarra era uma extensão da sua personalidade: ruidosamente doce e encantadora.
Dias antes da sua partida, nos encontramos. De diferente, só o corte do cabelo. O mesmo carinho, sonhos e planos, agora com 34 anos.
Numa das poucas músicas que fizemos juntos, eu escrevi um verso que diz:“pra quem tem você na vida/ a tristeza é uma contradição”. sintetiza bem o que era tê-lo por perto.
Um cara tão divertido que, até neste momento terrível ,algo muito forte não me deixa ficar triste.
Que a morte seja exatamente como ele me contou no dia que perdi meu pai: “ele pode ter ido pra um lugar tão massa, que vai ficar puto com o tempo que perdeu aqui!”.